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Perdi meu celular, alteraram minhas senhas e fizeram Pix, como recupero o dinheiro?

Dúvida Jurídica

  • Pergunta: Perdi meu celular, e conseguiram acessar meus aplicativos bancários para realizar transferências. O banco disse que a culpa foi minha e não vai devolver o dinheiro. No entanto, não sei como conseguiram criar as senhas novas para acessar o aplicativo, e os valores transferidos fogem totalmente do meu padrão. Consigo recuperar meu dinheiro? O que tenho que fazer?

Perder o celular pode ser uma situação angustiante, especialmente quando envolve o acesso a aplicativos bancários e a realização de transferências indevidas. Em situações como essa, a responsabilidade do banco e do cliente pode ser objeto de disputa, mas a legislação brasileira oferece algumas proteções ao consumidor. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), as instituições financeiras são responsáveis por garantir a segurança das transações realizadas através de seus sistemas, incluindo aplicativos bancários. Isso significa que, se houver uma falha de segurança que permita o acesso não autorizado à conta, o banco pode ser responsabilizado, mesmo que o acesso tenha ocorrido após a perda do aparelho.

O fato de os valores transferidos serem atípicos e fugirem ao seu padrão habitual é um ponto crucial que deve ser enfatizado em qualquer contestação ao banco ou ação judicial. Instituições financeiras têm sistemas de monitoramento para detectar atividades suspeitas ou incomuns e, se essas transferências não refletem seu histórico de movimentações, pode-se argumentar que o banco deveria ter agido para impedir tais transações ou, ao menos, solicitado uma confirmação adicional antes de processá-las.

O grande desafio em casos como este é demonstrar que houve uma falha na segurança do banco e que você tomou as medidas razoáveis de proteção, como bloquear o aparelho assim que percebeu sua perda. Contudo, a decisão final muitas vezes depende da análise do contexto específico e da apresentação de provas adequadas, como registros de comunicação com o banco e detalhes das transações.

PIX EM CASO DE CELULAR PERDIDO COMO RECUPERAR O DINHEIRO
  • Bloqueio do Aparelho: Se ainda não o fez, é essencial que você informe imediatamente a operadora e solicite o bloqueio do seu número e IMEI, além de ter entrado em contato com o banco para relatar a perda e possível fraude.
  • Registros de Transações: Colete e organize todos os registros das transações feitas após a perda do celular, com especial atenção aos valores e destinos das transferências, evidenciando que essas movimentações são atípicas para seu perfil de consumo.
  • Comunicação com o Banco: Documente todas as interações com o banco, incluindo sua tentativa de bloquear o acesso e as respostas recebidas. Esse histórico pode ser decisivo para demonstrar que você agiu de forma diligente.
  • Contestação Formal no Banco: Apresente uma contestação formal ao banco, destacando que as transações realizadas não correspondem ao seu padrão de comportamento e que não houve autorização sua para a criação de novas senhas. Solicite uma reanálise do caso, mencionando a falha de segurança.
  • Boletim de Ocorrência: Registre um boletim de ocorrência detalhado sobre a perda do celular e as transações fraudulentas. Esse documento é fundamental para dar suporte à sua alegação de que foi vítima de um crime.
  • Ação Judicial: Se o banco mantiver a recusa em ressarcir os valores, você pode considerar ingressar com uma ação judicial. Na ação, pode-se argumentar que houve falha na segurança do banco e que a responsabilidade pela proteção das transações é da instituição financeira.
  • Provas de Atipicidade: Utilize a atipicidade das transações como argumento, uma vez que o banco deveria ter mecanismos de monitoramento que detectassem e questionassem essas movimentações incomuns.

As decisões judiciais em casos de fraude envolvendo aplicativos bancários após a perda do celular têm sido variadas, mas há uma tendência de os tribunais considerarem a responsabilidade dos bancos, principalmente quando há indícios claros de falha na segurança e falta de diligência na detecção de atividades suspeitas. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já proferiu decisões favoráveis aos consumidores, entendendo que as instituições financeiras possuem a obrigação de zelar pela segurança das transações e de adotar medidas preventivas contra fraudes.

Por outro lado, há decisões em que o consumidor foi responsabilizado, especialmente se foi comprovado que não tomou medidas imediatas para bloquear o acesso ao aparelho ou se não houve comunicação rápida ao banco sobre a perda do celular. Nesses casos, o entendimento é que o cliente teria falhado no dever de guarda e proteção de suas informações bancárias.

Em casos onde as transferências fugiram completamente do padrão habitual do consumidor, os tribunais têm dado razão ao cliente, especialmente se o banco não questionou a legitimidade das transações. A falta de ação do banco nesse sentido pode ser interpretada como negligência.

Você pode ter boas chances de recuperar os valores perdidos, especialmente se conseguir demonstrar que as transações realizadas após a perda do celular são atípicas e que o banco falhou em detectar ou impedir essas movimentações suspeitas. É fundamental que você reúna todas as provas possíveis, incluindo o boletim de ocorrência, registros das transações e histórico de comunicação com o banco. A possibilidade de êxito em uma ação judicial dependerá da capacidade de demonstrar que você tomou todas as medidas razoáveis para proteger suas informações, e que a falha na segurança permitiu a fraude.

Caso o banco continue se recusando a reembolsar os valores, o ingresso de uma ação judicial pode ser o próximo passo, onde o tribunal poderá avaliar se houve falha na prestação de serviços por parte da instituição financeira. Lembre-se de procurar orientação jurídica especializada para garantir que todos os detalhes do seu caso sejam adequadamente considerados.

Por Alexandre Berthe Pinto
([email protected])


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Importante: É sempre aconselhável ao interessado que procure orientação técnica específica com o profissional de sua confiança para análise do caso concreto. As informações aqui contidas, são genéricas e não dispensam a consulta com o advogado de confiança.

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